O Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFIL) teve seu APCN proposto para a CAPES em 2007 pela UFPI, em associação parcial com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) — com o nome original de PPGE em Ética e Epistemologia –, e, após sua aprovação nesse mesmo ano, iniciou suas atividades acadêmicas em março de 2008. As linhas de pesquisa foram organizadas buscando atender a convergência de formação acadêmica e os interesses de pesquisas dos professores-doutores do Departamento de Filosofia da UFPI e dos professores da UFMA associados ao programa, bem como dar uma sequência natural aos cursos de pós-graduação lato sensu, ofertados regularmente pelos Departamentos de Filosofia da UFPI e da UFMA em anos anteriores, áreas essas onde se concentravam as pesquisas dos professores vinculados à proposta. A criação do mestrado pela UFPI, associada à UFMA, visou a formação de um centro de pesquisa que pudesse atuar positivamente no desenvolvimento crescente da região nordeste, especialmente em seu meio-norte, que abrange os Estados do Piauí, Maranhão e Tocantins, além de parte do Ceará; de modo a atender, fundamentalmente, a demanda reprimida por formação acadêmica existente nessa região, tanto no caso de docentes de outras IES quanto no caso de discentes, tanto na UFPI, quanto nas outras IES, na área de filosofia, além das demandas das redes estaduais de ensino médio.
O Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFIL) busca produzir um grupo de pesquisa de excelência, incentivando a colaboração entre docentes e discentes das diferentes linhas de pesquisa, com o objetivo de produzir contribuições que, apesar de serem dirigidas prioritariamente à solução de questões filosóficas específicas nos moldes acadêmicos tradicionais em nosso meio, busquem ser, ao mesmo tempo, historicamente informadas, filosoficamente bem fundamentadas, cientificamente defensáveis, e ética e politicamente relevantes. Consideramos que a formação discente voltada para uma visão filosófica mais abrangente ou de diálogo entre, por exemplo, as perspectivas da filosofia hermenêutica continental e da filosofia analítica anglo-americana, além de abrir caminho para uma possível confluência entre as visões humanista e científica do mundo, possui a virtude de permitir o desenvolvimento de pesquisas filosóficas capazes de responder de forma adequada à tendência crescente de integração, que se justifica pela também crescente complexidade e entrelaçamento dos próprios problemas filosóficos tal como eles se mostram na discussão filosófica contemporânea. Essa formação integradora ou dialógica pode ser viabilizada tanto nas pesquisas individuais dos docentes, que se refletirá nos projetos de pesquisa discentes, quanto através da colaboração entre docentes, inclusive na forma eventual de uma supervisão conjunta (co-orientação), que se justificaria na ocasião da apresentação de possíveis propostas de projetos integradores dos discentes. Essa perspectiva se manifesta essencialmente na estrutura pedagógica do curso, com a inclusão de um núcleo de disciplinas obrigatórias que objetiva fornecer elementos para esse diálogo, tanto do ponto de vista teórico (através de duas disciplinas obrigatórias comuns às duas linhas de pesquisa do programa — Introdução à Ética e à Filosofia Política; Introdução à Epistemologia e à Filosofia da Linguagem) quanto do ponto de vista prático (através da disciplina, também obrigatória às duas linhas do programa, Seminário Integrado, onde os diferentes projetos de dissertação são discutidos conjuntamente por todos os discentes), bem como pela oferta regular de uma disciplina optativa (Temas de Hermenêutica e Filosofia Analítica) onde essa perspectiva dialógica é oferecida sob a forma de temas filosóficos integradores das duas perspectivas. No entanto, não consideramos essa visão integradora como o único objetivo para o programa, que deva necessariamente ser implementada em todas as dissertações, e sim como mais uma estratégia de pesquisa possível, de abertura teórico-metodológica a ser buscada na formação dos discentes, que deverá ser utilizada quando necessário e viável, ou seja, sempre que os problemas filosóficas examinados pelos diferentes projetos de pesquisa docentes e discentes assim o exigirem e permitirem — algo que efetivamente só vai predominar integralmente a longo prazo na prática de pesquisa de nossos docentes e discentes, bem como no próprio país. Nesse sentido, projetos que não buscam integrar a hermenêutica e a filosofia analítica em suas propostas teóricas são partes fundamentais e necessárias de nossa atividade acadêmica, constituindo mesmo a principal tendência da produção acadêmica dos docentes e discentes, tanto pela exigência forte que projetos mais abrangentes teoricamente fazem para a pesquisa dos docentes e discentes, dificultando sua realização por parte de nosso público-alvo (nem sempre portador da formação filosófica e cultural básica necessárias para esse fim); como também pelo componente disciplinar tradicional constante nos programas nacionais e estrangeiros, fontes de formação de nossos docentes, e na forma do registro e recepção da produção escrita acadêmica atualmente na área de filosofia no Brasil e no mundo. Apesar das dificuldades/complexidades envolvidas, acreditamos que essa visão presente no programa, que estimula o diálogo e a conversação teórica e metodológica entre visões diferenciadas da pesquisa filosófica, sem imposição teórica prévia, possibilita o desenvolvimento dos melhores meios para a produção filosófica de alto nível, em atenção às exigências de propostas originais para a sua solução dos problemas filosóficos contemporâneos, cada vez mais complexos em sua forma e conteúdos.